Wednesday, June 24, 2009




Tu dizes que me amas!"
"Juro-te!"
"Não te iludes talvez?"
"Se a vida não é uma ilusão, respondi, penso que não, porque a minha vida agora és tu, ou antes, a tua sombra."
"Muitas vezes toma-se um capricho por amor; tu não conheces de mim, como dizes, senão a minha sombra!..."
"Que me importa?..."
"E se eu fosse feia?"
"Tu és bela como um anjo!"
"Escuta, meu amigo; tu dizes que me amas; eu o creio, eu o sabia antes mesmo que me dissesses. As almas como as nossas quando se encontram se compreendem. Mas ainda é tempo; não julgas que mais vale conservar uma doce recordação do que entregar-se a um amor sem esperança e sem futuro?..."
"Não, mil vezes não! Não entendo o que queres dizer; o meu amor, o meu, não precisa de futuro e de esperança, porque o tem em si porque viverá sempre!..."
"Não pensas que melhor é esquecer do que amar assim?"
"Não! Amar, sentir-se amado, é sempre um gozo imenso e um grande consolo para a desgraça. O que é cruel, não é essa viuvez da alma separada de sua irmã; aí há um sentimento que vive, apesar da morte, apesar do tempo. É, sim, esse vácuo do coração que não tem uma afeição no mundo e que passa como um estranho por entre os prazeres que o cercam."
"Que santo amor, meu Deus! Era assim que eu sonhava ser amada!"

"CINCO MINUTOS"
José De Alencar


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